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365 Dias de uma Imagem Corporal Saudável


A imagem corporal, compreendida como a perceção, os pensamentos e os sentimentos de um indivíduo em relação ao próprio corpo, parece tornar-se um tema particularmente sonoro com a chegada do verão.

O aumento da temperatura é acompanhado de uma necessariamente superior exposição do corpo, aumentando a tendência de comparação do próprio corpo com as imagens de beleza ideias socialmente veiculadas. Apesar de os processos de comparação social baseados na imagem serem naturais, os padrões de beleza atuais são marcadamente irrealistas, aumentando a probabilidade de haver uma acentuada discrepância entre a imagem atual de um indivíduo e a imagem corporal idealizada. É precisamente esta discrepância percebida que define a insatisfação com a imagem corporal, o mais provável precursor dos comportamentos de aperfeiçoamento do corpo.


Contudo, quanto maior é a discrepância percebida, maior é o investimento nestes comportamentos, passando o indivíduo a caminhar em terreno pantanoso. Efetivamente, no que concerne, por exemplo, a restrição calórica como forma de aperfeiçoamento corporal, o indivíduo poderá estar a querer alterar o seu “peso natural”, ou “peso biologicamente determinado”, entrando, provavelmente, em comportamentos restritivos pouco saudáveis, com uma série de consequências nefastas associadas. Outros comportamentos aparentemente inofensivos são o recurso a fármacos de emagrecimento e o exercício físico intenso, os quais, mais uma vez, se poderão tornar extremos face à perceção de uma diferença extrema entre o próprio corpo e o corpo idealizado.


Não são só as perturbações do comportamento alimentar, tais como a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e a ingestão alimentar compulsiva (perturbação de “binge eating”), que carecem de atenção clínica. O comportamento alimentar perturbado, mesmo que não corresponda aos critérios de diagnóstico preconizados pela Associação Americana de Psiquiatria, coloca o individuo numa posição de risco perante problemas sérios de saúde. Alguns sinais de alerta/sintomas de perturbação são o recurso frequente a dietas, acompanhado de marcada ansiedade relativamente a certos alimentos; saltar refeições; rotinas rígidas de exercício físico; sentimentos de culpa e vergonha relativamente à alimentação; um nível de preocupação em relação à comida, peso e imagem corporal com interferência na qualidade de vida; sensação de perda de controlo relativamente à ingestão alimentar; e o recurso ao exercício físico, restrição alimentar, jejum e/ou vómito induzido para compensar o consumo de “maus alimentos”. Todos estes sintomas têm um impacto negativo marcado na qualidade de vida, e consequências nocivas para a saúde do individuo a curto, médio e a longo-prazos, sendo motivo de atenção psicológica premente.


A intervenção coordenada de psicólogos, psiquiatras, e de nutricionistas é considerada eficaz, levando à eliminação dos sintomas negativos e ao restabelecimento do funcionamento psicossocial do indivíduo.


Um precioso antídoto da problemática da imagem corporal e do comportamento alimentar perturbado é a imagem corporal positiva. No indivíduo saudável, uma imagem corporal positiva aprimora um estado de bom funcionamento psicológico, enquanto num indivíduo com dificuldades permite ultrapassar a simples eliminação dos sintomas negativos em direção a um estado de funcionamento ótimo.


Define-se como a aceitação das caraterísticas únicas e distintivas do corpo e da sua funcionalidade, mesmo reconhecendo a existência de algumas características menos desejadas. Inclui, ainda, a detenção de uma visão alargada e inclusiva da beleza humana, a filtragem das mensagens relacionadas com a aparência física transmitidas pelos meios de comunicação social, e a adoção de uma “positividade interna” que transparece, refletindo-se na própria postura e atitude. Algumas sugestões para cultivar a sua imagem corporal positiva são:

  • Rodear-se de pessoas com uma imagem corporal positiva;

  • Treinar o reconhecimento de características que aprecia em si;

  • Ser ativamente critico dos padrões de beleza impostos pela sociedade;

  • Focar-se em aspetos transitórios da imagem corporal e elogiá-los, como por exemplo o penteado de alguém, a cor do vestuário;

  • Cuide do seu corpo, mimando-o e alimentando-o saudavelmente.

Esteja atento a sinais de preocupação em relação à sua imagem corporal e ao seu comportamento alimentar. Esteja atento a sinais de alerta em relação à sua qualidade de vida psicológica e saúde mental. Permita-se viver a sua mente e o seu corpo em pleno, no Verão e nos 365 dias de todos os anos da sua vida.


Por Joana Marta Simões

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