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Burnout: o esgotamento emocional no trabalho

Updated: Feb 11, 2020



O burnout é considerado um conjunto de vários sintomas, que manifestam um estado de esgotamento, caracterizado pelo stress crónico relacionado com a vida profissional. Estes sintomas são o resultado da associação dos aspectos individuais da pessoa e da sua personalidade (como indivíduos competitivos, esforçados, com necessidade de controlo da situação, com dificuldades em tolerar a frustração, etc.) com as condições do ambiente de trabalho (como a burocracia, excesso de normas, normas rígidas, falta de autonomia, comunicação ineficiente, etc.).

Os sintomas de burnout ocorrem num contínuo e podem ser agrupados em três dimensões diferentes:

  1. Exaustão Emocional: sentimentos de desesperança, solidão, depressão, raiva, impaciência, irritabilidade, tensão muscular, sensação de baixa energia, fraqueza, preocupação, insónias, perda de apetite, dificuldades de concentração e de atenção;

  2. Distanciamento Afectivo: diminuição de empatia e sensação de alienação e distanciamento em relação aos outros;

  3. Baixa Realização Profissional: ou baixa satisfação com o trabalho já que a pessoa pensa que tem alcançado pouco e/ou que aquilo que realizou tem pouco valor; sentimentos de apatia, desesperança e irritabilidade.

Adicionalmente, vários estudos têm demonstrados que os indivíduos em burnout podem apresentar sintomas psicossomáticos como fadiga constante, tensão muscular, cefaleias e enxaquecas, dificuldades em adormecer, perturbações gastrointestinais, disfunções sexuais, alterações do ciclo menstrual, entre outros.

O burnout interfere a vários níveis, não influenciando apenas a própria pessoa, mas também as suas relações familiares e sociais, assim como o funcionamento da organização (funcionários em burnout investem menos tempo e energia no trabalho).

É importante salientar que o burnout não é considerado uma perturbação mental, podendo por vezes ser apenas a manifestação de uma dessas perturbações, como a depressão ou a fobia social. Para além disso, os sintomas de burnout também podem surgir como resultado da adaptação a uma doença física. É importante fazer esta distinção pois um correcto diagnóstico vai permitir a escolha de uma intervenção adequada.


Prevenir o burnout


Os sintomas de burnout ocorrem num contínuo e surgem de uma forma progressiva, sendo possível prevenir a sua evolução se estes forem detectados atempadamente. Se perante a presença destes sinais não houver uma mudança do estilo de vida é muito provável que se alcance um estado de esgotamento e de burnout avançado.

Cada vez mais existe a consciência deste problema no contexto profissional e existem empresas a investir no bem-estar dos seus trabalhadores, com o objectivo de criar uma cultura organizacional saudável e produtiva. No entanto, em alguns locais continua a existir uma cultura de trabalho excessivo e emocionalmente esgotante, em que o fazer sempre mais é valorizado e encorajado. Por outro lado e como vimos anteriormente, por vezes são os próprios profissionais que adoptam um nível de trabalho excessivo, de grande competição e ambição, que quando associado à necessidade de controlo e à baixa tolerância à frustração pode originar estes sintomas de esgotamento.

Deste modo, é essencial conhecer os efeitos do stress e esgotamento na sua vida, assim como as condições laborais e os aspectos da sua personalidade que podem contribuir para os mesmos, de forma a poder definir estratégias para os reduzir. Algumas destas estratégias podem envolver atividades como:

  1. Não responder a emails ou realizar outro trabalho fora do horário de trabalho; ou, no caso de não ser possível, encontrar momentos em que é possível não trabalhar (por exemplo, todos os dias defina 1 hora para estar sem o telemóvel e o computador);

  2. Planear momentos de não trabalho em que possa realizar actividades que lhe tragam bem-estar e relaxamento, com a família e amigos ou apenas sozinho;

  3. Evitar a sobrecarga de trabalho e a realização de várias tarefas em simultâneo;

  4. Aprender a dizer que ‘não’, de uma forma assertiva, respeitando os seus próprios limites;

  5. Criar um ambiente de trabalho saudável, com relacionamentos de cooperação e respeito;

  6. Aprender a pedir ajuda e a delegar tarefas, o que poderá contribuir para a criação de relações de confiança entre si e os seus colegas e/ou superiores hierárquicos;

  7. Encontre valor e significado no seu trabalho, o que é que aprecia? (podem ser aspectos aparentemente pequenos, como as conversas com os seus colegas). Se não conseguir encontrar uma resposta então experimente encontrar valor noutra área da sua vida;

  8. Cuidar de si, criando um estilo de vida saudável: dormir o tempo necessário, mantendo uma alimentação saudável e praticando atividade física – ao cuidarmos do nosso corpo vamos estar inevitavelmente a cuidar da nossa mente.

A criação de um estilo de vida saudável é fundamental para a redução dos níveis de stress. Contudo é normal que perante várias pressões laborais, ou outras, não exista disponibilidade mental para esta adaptação. Mas cuidar de si tem de ser uma prioridade. Mesmo que não haja vontade ou mesmo que sinta que precisa de dedicar todo o seu tempo ao trabalho, pode escolher colocar-se a si em primeiro lugar.

A vida profissional pode ser bastante enriquecedora e satisfatória se for integrada, de uma forma equilibrada e saudável, nas várias dimensões da própria pessoa.

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