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Introversão não é defeito



Um dos aspetos mais importantes da nossa personalidade é o espectro extroversão-introversão, e onde cada um de nós se localiza neste espetro pode moldar as nossas vidas, nomeadamente, a forma como nos relacionamos com os outros, como nos expressamos e, até, como a nossa criatividade flui.


Num mundo em que o par perfeito do sucesso é a extroversão, aqueles cuja personalidade é mais “silenciosa” e “sossegada” encontram-se em desvantagem. Como afirma Susan Cain, a introversão é hoje um traço de personalidade de segunda classe, e é muitas vezes confundida com falta de atitude ou patologia.


Para sobreviver a este mundo moldado para extrovertidos, os introvertidos são muitas vezes pressionados a alterar este traço inato, uma vez que se apresenta como um fardo ou uma vantagem na escalada até ao sucesso. Neste artigo daremos voz às personalidades mais silenciosas.


O que é a introversão?

Sendo um traço da personalidade inato e contínuo, o introvertido é aquele aluno que, apesar de saber a resposta a uma pergunta que a professora fez, não levanta a mão para responder em voz alta; é o adulto que está muito atento nas reuniões de equipa mas não sente a necessidade de partilhar os seus pontos de vista.

Isto não significa que os introvertidos não tenham competências sociais ou que não gostam de festas nem reuniões com equipas de trabalho, apenas significa que ambientes muito estimulantes podem deixar um introvertido esgotado, mental e fisicamente, e a precisar de um tempo a sós para recarregar energias.


Introversão não é sinónimo de timidez.

Os introvertidos não são necessariamente tímidos. A timidez é caracterizada pelo medo de julgamento, humilhação e rejeição social, enquanto que a introversão tem mais a ver com a forma com que respondem à estimulação, incluindo a estimulação social. Pessoas extrovertidas necessitam de muita estimulação, ao passo que pessoas introvertidas, na grande maioria das vezes, sentem-se mais confortáveis, competentes e conectadas em ambientes calmos e reservados.


O favoritismo cultural pela extroversão

Na cultura ocidental, existe uma preferência e idealização em torno das características da extroversão, uma vez que são associadas a uma grande capacidade de liderança e carisma. Esta preferência leva a que os introvertidos se sintam alienados e em desvantagem. São tantos os incentivos para alterarem este traço inato - “Precisas de sair da tua concha”, “tens de falar mais alto”, “ultrapassa a tua timidez” - que os introvertidos acreditam que têm algo de errado com a sua personalidade.


Por outro lado, na cultura oriental, esta preferência inverte-se, e quem se localiza do lado mais introvertido do espetro é considerado como mais sábio, respeitoso e humilde.


Nenhuma destas crenças culturais é capaz de abraçar a individualidade humana, acabando por alienar pessoas que não se localizam do lado “correto” do espetro extroversão-introversão. Neste sentido, o ideal é, culturalmente, proporcionar um equilíbrio, onde é possível procurar espaços de estimulação adequados às necessidades e idiossincrasias pessoais.


Quais são os poderes da introversão?

Os introvertidos fazem-se acompanhar de inúmeros poderes: são observadores natos, escritores talentosos, sempre atentos aos detalhes, devotos da organização e pesquisa, e ficam confortáveis ao trabalharem sozinhos. Num grupo, contribuem com comentários ponderados e incessantemente pensados, com questões perspicazes e com a sua natural capacidade de escuta ativa.


Para todos os leitores, introvertidos ou não, aceitem-se e abracem os vossos traços inatos e sintam-se em paz com aquilo que têm para oferecer ao mundo. Lembrem-se de que a introversão não é um defeito nem motivo de vergonha, pois também é preciso coragem para se falar baixinho.


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