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PHDA e Mindfulness?

Updated: Jun 19, 2020

A Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) é uma perturbação que se desenvolve na infância e pode acompanhar o indivíduo por toda a vida. Caracteriza-se  pela combinação dos sintomas de distração, hiperatividade e impulsividade. A criança torna-se desorganizada, impaciente e excessivamente ativa e esses fatores promovem dificuldades no convívio diário. A relação entre pais e filhos resume-se a conflitos, desarmonia e discórdia que têm um impacto na qualidade de vida de toda a família.

É importante lembrar que a perturbação afeta a área cerebral da criança responsável pelo controlo dos impulsos e filtro dos estímulos, ou seja, ela tem dificuldade em conter e controlar os seus comportamentos.

Atualmente existem duas linhas de tratamento específico para crianças com PHDA: medicação e tratamento comportamentais. No entanto, ambos têm limitações: a medicação funciona durante um curto período de tempo, sendo que as crianças podem também apresentar efeitos secundários; e um  tratamento comportamental focado no treino parental pode tornar-se problemático dado que a carga genética da perturbação pode implicar que eles próprios tenham o diagnóstico.

Assim sendo, começam a surgir novas terapêuticas que tentam colmatar as falhas dos outros tratamentos. É aí que surge o Mindfulness – ou Atenção Plena. A atenção plena é uma técnica de meditação e prática de exercícios que propõe focar a atenção na experiência pessoal e no momento presente.

Define-se em três palavras-chaves que são: intenção, ausência de julgamento e experiência dos momentos. As técnicas de mindfulness têm o objetivo de auxiliar os praticantes a acalmar a mente, fazendo com que fiquem mais conscientes do momento presente e menos preocupados com o que já aconteceu ou com o que está por vir.

Crianças e Mindfulness

A forma como o cérebro se desenvolve é parte da razão pela qual a atenção plena pode ser tão eficaz para a criança: enquanto os nossos cérebros se desenvolvem constantemente ao longo de nossas vidas, as conexões dos circuitos pré-frontais são criadas num ritmo mais rápido durante a infância. A atenção plena, que promove habilidades que são controladas no córtex pré-frontal, como foco e controlo cognitivo, pode, portanto, ter um impacto particular no desenvolvimento de habilidades, incluindo autorregulação, julgamento e paciência durante a infância.

As crianças são naturalmente focadas no presente e não se preocupam muito com o passado ou futuro e isso, é um facilitador para o mindfulness. Mas atualmente, andam ocupadas demais com uma rotina repleta de atividades e isso torna-as inquietas e distraídas. Ao praticar a atenção plena, começam a perceber o que está ao seu redor e a aprender que nem tudo na vida é bom e fácil. 

A partir da primeira infância, a criança torna-se capaz de não apenas praticar os exercícios de atenção plena com os pais, mas também utilizar algumas das habilidades aprendidas em momentos que sinta necessário. Mas, para criar o hábito na criança, a prática é fundamental e deve fazer parte da rotina diária e não apenas ser utilizada como um recurso para momentos de stress.

O objetivo de praticar mindfulness com crianças é desenvolver e fortalecer a capacidade delas de prestar atenção às próprias experiências internas e externas vivenciadas no dia-a-dia. Com a prática, as crianças aprendem a ver como agem e reagem às situações do quotidiano e a perceber como interagem com os outros, estabelecendo limites e gerenciando conflitos de forma mais apropriada. 

A prática da atenção plena na PHDA conduz a melhorias na comunicação, comportamento de imitação, tolerância à proximidade física, autocontrolo, qualidade de vida, resposta social, cognição social e motivação social. Tem, também impacto na redução do comportamento agressivo, irritabilidade, letargia, recusa social e desobediência.


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